quarta-feira, fevereiro 03, 2010

O Culto do Belo



O que nos distingue “deles” (e isso além de intuitivo, aprendi-o com o Rodrigo Emílio) é o facto de para contrabalançar a crueldade do mundo nós fazemos permanentemente o apelo ao Belo.

Nós somos tão revoltados com o mundo que nos cerca como algumas franjas “deles” , mas não pelas mesmas razões. A nossa visão tem a ver com o pavoroso espectáculo do mundo tão inumano, sabendo que existe uma beleza sobre-humana. O que privilegiamos é o culto da beleza mais (muito mais) do que o culto da igualdade, e pensando ainda que a beleza é uma noção profundamente inigualitária, dado ser (como já disse) sobre-humana.

“Eles” falam muito da beleza burguesa, mas nunca falam da beleza revolucionária. Os neo realistas, por exemplo, eram partidários do feio (porque o mundo que os rodeava era feio). Picasso, por exemplo só retratava mulheres feias. Porque era intrinsecamente “deles”. Nós preferimos a beleza das Valquírias, das fadas do Graal, dos Cavaleiros da corte de Artur, dos pré rafaelitas, das Virgens do Renascimento, dos modernos, porque o factor comum é o da beleza.

A nossa “religião” tem tudo a ver com o lado estético e muito pouco (devia mesmo dizer nada de nada) com o lado “igualitário”.

E isso é perfeitamente visível em todos (mas mesmo todos) os nossos Mestres!

2 comentários:

Anónimo disse...

Brilhante. É absolutamente verdadeiro. E já os grandes filósofos da antiguidade identificavam o belo com o bem.

Theophilus disse...

Sem falar que o culto à igualdade vai contra o ordenamento e hierarquia apreensíveis da realidade, queridos pelo Criador, enquanto o culto ao belo dele nos aproxima, pois é, de certo modo, uma admiração e reconhecimento à ordem.

Belo blogue, parabéns pelo trabalho.