segunda-feira, setembro 29, 2008

Como me lembrei deste Poema!

Arreganhar o dente

"O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unhas e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente"

Ana Hatherly

Esclarecimento, ou ainda ... alegoria canina



Como tem podido apreciar a minha prestação bloguística está em queda abrupta.

Razões: são profissionais. Sinto-me um Chiauhaua face ao poderoso grand danois estatal.

Mas mesmo assim, resisto e persisto. F*** You, digo eu, tal como o pequeno canídeo que não se verga de medo face ao grande canídeo estatal

quinta-feira, setembro 25, 2008

O comportamento “deles” é sempre superior…

Na quarta feira passada e na piramidal Suiça (no cantão de Zurich) deu-se mais um bom exemplo da liberdade, direitos humanos (e patati, patatá) de que o Mário Soares tanto se ufana.

Um médico psiquiatra, de 55 anos, director de um serviço médico de seguro/invalidez foi obrigado a demitir-se porque o jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ), na edição de domingo fez a extraordinária revelação de que o referido clínico tinha tido – em tempos – actividades políticas no partido alemão NPD (partido legítimo, só que da chamada extrema direita).

Os responsáveis pelo seu despedimento afirmam que vão vasculhar os duzentos “dossiers” medicos de que o despedido era responsável.

Os “democratas” declararam que a “sua integridade foi colocada em questão, a sua continuidade de trabalho era impossível"

Ou seja, dito de outra forma, quem não for lá da “clique” não tem direito a nada, nem a ganhar a vida. Aprendam, que “eles” não duram sempre…

Mas vá lá, para mostrarem que não são tão mauzinhos como isso os “bons dos democratas” declararam que “o seu trabalho sempre tinha sido executado de maneira profissional”

Mas, apesar disso: vai para a rua e não chateies, oh fascista!

(fonte: AFP)

Descubra as diferenças...







A Petição

Li no "Jantar das Quartas" uma notícia sobre a Petição para que todos os corpos dos Militares que faleceram na Guerra do Ultramar sejam repatriados para Portugal.

Desculpem, mas eu não concordo.

E não concordo por diversas razões das quais exponho resumidamente algumas:
1 - Portugal teve mortos em guerras nos "ultramares" desde o século XV. Regressam também essse corpos? Da Malásia, África, etc...? Ou só os mais recentes?
2- E os militares que morreram na I GG (recorde-se que a república desejou entrar na guerra para defender o Ultramar)?
3 - E os miltares que morreram na Flandres em 1917/18?
4 - E os do recrutamento local? Cerca de metade dos mortos, não nos esqueçamos!
5 - Os mortos morreram em Portugal, ao serviço de Portugal e foram enterrados em Portugal. Ponto final!

Agora concordo que os cemitérios devem ser bem tratados. Cabe ao Governo arranjar as poucas verbas necessárias para o efeito.

Publico a seguir fotos dos talhões do cemitério de Pemba, Moçambique. Imagens de 2008. Um dos talhões é o referente aos militares do Império Britânico mortos na I GM. O outro é o dos soldados do Império Português mortos no mesmo conflito e local.

Como dizia o outro: descubra as diferenças.

Já descobriu? Então cubramo-nos todos de vergonha!!!

terça-feira, setembro 09, 2008

Os crimes dos "bons"



Neste filme pode ver-se o que aconteceu a uma coluna de prisioneiros de guerra do Exército Alemão (após a derrota). Não eram SS, eram simples magalas.

Veja-se o detalhe das cuspidelas finais num corpo que já não se pode defender.

Local: Checoslováquia.

Razão dos acontecimentos: "A superioridade moral deles" (Mário Soares dixit)

Lamento profundo

Pois é o Ad Oriens resolveu encerrar. Tenho pena, muita pena. Atrás deste blogue estava alguém com muito (mas mesmo muito) valor ético e estético.

Que regresse brevemente e que eu o descubra para o poder publicitar. Foram poucos meses de actividade, mas valeu francamente a pena.

Volte sempre. E caso contrário bem haja pelo seu trabalho.

Um abraço e até sempre

Omar e o traidor traído






Três fotos reveladoras do pós 25.

Na primeira a frelimo ataca o traidor traído (antes deste ter caído em desgraça face à tropa fandanga, porque face à Pátria já estava completamente arrumado).

A segunda é uma foto de uma sessão na Escola da frelimo. O Branco é espezinhado pelo preto. As consequências foram as conhecidas no 7 de Setembro.

Quanto à terceira é a única foto conhecida da derrota do quartel de Omar. Os soldados (já prisioneiros de guerra) saiem em bicha de pirilau a caminho da Tanzânia...

Não nos esqueçamos que a Companhia que defendia Omar foi tomada à traição por "nabice" (e talvez não só) do Alferes Miliciano que "comandava"? aquela tropa fandanga...

Apostilha: Todas estas fotos são retiradas de publicações da Frelimo

O "nosso chinês" de Tianamen




Matem-me, bandidos, Matem-me!!! dizia esta nossa compatriota face à paraquedista tropa fandanga que a deveria proteger, mas que já estava ao serviço da Frelimo.

Esta foto correu mundo. Em Portugal é desconhecida. Preferem a do chinês na Praça de Tianamen.

São gostos (que escondem os desgostos da cobardia e a da traição da esquerda "portuguesa"

7 de Setembro - Dever de Memória


Em 7 de Setembro de 1974 e dias seguintes escreveu-se a última gesta portuguesa em África.

Acompanhei este movimento desde a sua génese (em Fevereiro/Março de 1973) até ter saído de Moçambique - Outubro de 1973. No pós 25 continuei a acompanhar a organização nacional de Moçambique. Quando eclodiu o movimento (de forma extemporânea e precepitada - aceito - caindo que nem uns patinhos na armadilha dos chamados "democratas de Moçambique"/Frelimo) e quando me pediram a opinião, dei-a de forma clara e precisa: temos de entrar no barco, mesmo que seja a derrota, porque caso contrário é mesmo a destruição total. Portanto perdidos por cem, perdidos por mil. E ao menos caíamos de pé e não como meras ratazanas.

Na foto acima podemos (à direita da foto) ver Gonçalo Mesquitella (filho). Um dos mais importantes militantes e dirigentes nacionais. Os seus combates na Universidade de Moçambique ficaram famosos. O seu papel no 7 de Setembro também foi fulcral. No entanto e face à descoordenação política do Movimento (uma das razões que provocaram o seu fracasso) e a errónea espera por Jorge Jardim (já então feito com a Frelimo) o seu papel não pode ter o relevo que deveria ter tido.

Espero (em breve) poder contar muito do que sei (quer por testemunho directo, quer pelo que me contaram, quer ainda pelos documentos que tenho ou que li).

No entanto é fulcral que continuemos a assinalar esta data que tanta importância tem no imaginário nacional. E que recordemos para sempre o massacre. E não nos esqueçamos que só nesses tristes dias de Lourenço Marques morreram mais de 3.000 portugueses. Perante a indiferença dos "militares portugueses"(???) e o desejo dos políticos de Lisboa (se for preciso dispararemos sobre os portugueses de Moçambique...).


segunda-feira, setembro 08, 2008

Katyn para sempre recordar



Este é o primeiro de três documentários que o Canal Arte nos tem trazido nestes últimos tempos.

Aliás Katyn é um dos melhores exemplos da hipocrisia dos nossos caros democratas.

Como sabem é proibido em numerosos países europeus (sob pena de prisão, emissão de mandato de captura europeu, etc...) a negação seja de que forma for das decisões do Tribunal Internacional de Nuremberga. Aliás a lei francesa é bem explícita: "qualquer negação total ou parcial de qualquer decisão do Tribunal".

E tudo é levado a fio de espada excepto Katyn. Como sabem o Tribunal de Nuremberga condenou a Alemanha Nacional Socialista pelo crime de Katyn. Foram eles, está escrito na sentença! E não se fala mais nisso!

Como neste caso havia demasiados papéis, testemunhos, relatórios da Igreja e da Cruz Vermelha Internacional, etc... "eles" tiveram de reconhecer que a autoria do massacre foi dos comunistas. É caso único em que o veredicto do Tribunal pode ser contestado, mesmo que isto vá contra a lei. Ou seja os tipos são uns catitas...

quinta-feira, setembro 04, 2008

E não se enganou nos seus vaticínios


Carta de Alfredo Pimenta para Salazar a propósito das jogadas da marcelagem de 1950:


V. Ex.ª, na Presidência da República, inutiliza-se, e vai cair em beco sem saída. E se em cima dessa desgraça, temos outra, a da Presidência do Conselho nas mãos do snr. Marcelo Caetano - está tudo perdido.
O Sr. Marcelo Caetano foi nado, fadado e criado para ser o Kerenski da situação actual, - se lhe confiarem o governo. As suas relações de família, a sua política equívoca, mestiça, furta-cores - para não dizer camaleónica; o seu feitio odiento de parvoíce, - tudo isso o contra indica para ser o substituto de V. Ex.ª. V. Ex.ª não me pediu conselhos, nem, com certeza, me considera digno de lhos dar. Mas pela consideração que tenho por V. Ex.ª, pela confiança que me conquistou o seu proceder, devo dizer-lhe o que penso, e preveni-lo do que se me afigura fatal. E não me tenho enganado muito nos meus vaticínios pessimistas.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa dedica ao General D. Miguel Primo de Rivera, Marquês de Estella, e pai de José António, um belo elogio fúnebre
in Pessoa Inédito, coordenação de Teresa Rita Lopes, Livros Horizonte, Lisboa:

Pobre Hespanha, já sem ter
Alma onde ser!
Fragmento sobrevivente
De ti mesma, ente
De te perder!

Relembremos na hora
Em que em ti chora
O que não ouves em ti,
Aquelle que foi
O heroe em si
Do que em ti se perdeu de heroe.

Fidalgo que toda a alma deu
Ao Rei e á Grei que o perdeu
No incendio da hora extranha,
Saibamol-o, alheios mas homens, chorar,
Com quem a alma da fidalguia de Hespanha
Foi a enterrar

Ainda Skoll



Vídeo promocional do disco. A ouvir

Disco a comprar e guardar



Do italiano Skoll este disco gravado com orquestra, editado pela Rocha Tarpeia (Rupe Tarpea). A música nacionalista num dos seus melhores registos. "O Segredo de Esparta": uma das melhores explanações do culto heróico que deve presidir ao combate do presente e do futuro. A identidade europeia em todo o seu esplendor.

Faixas:

1. Notturno futurista
2. L’era della Spada
3. Bushido
4. Pioggia d’Irlanda
5. Sotto la pelle
6. Tutto parla di noi
7. Identitario
8. La Congiura delle Polveri
9. Vent’anni
10. Dio della Guerra

Mishima, a luta irlandesa, Guy Fawkes, que no século XVII tentou destruir à bomba o parlamento inglês, etc. Recomendo vivamente.

terça-feira, setembro 02, 2008

Rodrigo Emílio e Maurras


«LUGAR DE HONRA A CHARLES MAURRAS,
NO PRONTUÁRIO GERAL DA DEPURAÇÃO.
DA VALIDADE, ACTUALIDADE E VITALIDADE DO SEU PENSAMENTO.»

De dia para dia, mais flagrante tende a revelar-se, e cada vez se afirma e consolida mais e com maior candência — não cessando, assim, de agir como tal, de reproduzir-se em consonância, de operar em conformidade —, a influente actualidade da mensagem incursa, e inscrita ad aeternum, nas estruturas doutrinárias propostas a destino por Charles Maurras, a validade duradoura e a criadora vitalidade dos seus postulados, e dos seu apostolado, a plena vigência do seu magistério, a «rayonnante» lição do seu exemplo.
A sempre palpitante e, contudo, imperturbável, sereníssima permanência, e longevidade, do pensamento maurrasiano, estão desde logo, desde sempre, e ainda agora bem patentes, e bem à vista, na temperatura mental e temperamental das nossas convicções mais acendradas, que o mesmo é dizer: no monarquismo integral e integérrimo que as consigna, enforma e configura, e do qual arranca toda a nossa maneira autocrática e aristocrítica de ser e de estar: somo o que sempre fomos, estamos onde já estávamos e onde sempre estivemos, e haveremos de estar, aqui e agora, e agora e sempre, graças, em grande parte, e em boa e larga medida, à funda e fecunda acção do seu preceptorado, que cedo nos tocou, e talhou, marcando, para todo o sempre — para a vida e para a morte —, a nossa forma de ver, razonar, sazonar, inteligir, interpretar e entender seres, ideias, nómenos, factos e fenómenos.

***

Com isto, não se trata, aqui, bem entendido, de endossar e/ou de assacar a segundos, a terceiros, ou a quem quer que seja, a mais pequenina parcela ou fracção de culpa pelo que somos, ideologicamente falando, ou ponta de responsabilidade, de qualquer espécie, por aquilo em que eventualmente nos tornámos.
Por mim, e no que mais directa ou exclusivamente me concerne, já o eu tenho dito, redito, repetido e reiterado, sem folga nem descanso, e até à exaustão: com Mestres, ou sem Eles à ilharga, com Guias ou sem Guias a assistir-me — e independentemente do maior ou menor grau de «magistratura» ou de influência que tenham ou não tenham eles exercido sobre mim —, eu cá seria sempre o fascista que sou, o monárquico que sou, — e monárquico que ainda agora não ratificou a Convenção de Évora-Monte — seria, sim, de toda a maneira, seria eu o fascizante monárquico que sou, que tenho sido, sempre fui e que hei-de ser e permanecer, aqui e agora, e agora e sempre.
Sê-lo-ia em qualquer circunstância. Desde logo, por pendor, inclinação e propensão natural.
Sê-lo-ia, outrossim, por via instintiva, ou por via intuitiva, que mais não seja.
Sê-lo-ia, inclusive — sê-lo-ia, sobretudo — por factores de cariz estrutural e sanguíneo, que se prendem com a medular conformação do meu carácter — marcas e/ou traços de base tipológica, anteriores e superiores a mim, que procedem do puro foro do anímico; elementos de feição psicossomática, que relevam do âmbito e da área do ontológico; dados genéticos, energéticos e sinergéticos, de tónus voltaico e de recorte voluntarista, que me irrigam vasos, veias e artérias, desde a hora da origem, se não mesmo desde as eras pré-natais; componentes elementares genuínas, pois, e de raiz, de que sou portador, e que, impressas, transmitidas, à nascença, a cromossomas e glóbulos, e inscritas, gravadas a fundo nuns e noutros, assim ditaram, determinaram e/ou dictaminaram, logo à partida, todo o quadro ou/e quadrante mental, sentimental, sacramental, temperamental e comportamental de fundo, que me assiste desde o berço e que até à tumba me acompanhará, não havendo, portanto, nesse ponto, nada a fazer.
Monárquico, por princípio, e fascista por conclusão, sê-lo-ia sempre, pois com Mestres ou sem Mestres, com Guias ou sem Eles — por estas todas juntas e por outras.
Só que, na falta ou ausência desses Guias, desses Mestres e preceptores, seria eu, com toda a certeza, um monárquico e um fascista bastante menos esclarecido e ainda menos esclarecedor — ainda menos — do que o que sou. Apenas isso.
Que tal fique bem claro, e claramente declarado et nunc et semper, e de uma vez por todas.
O idearium que cedo abracei — e ao qual tenciono morrer abraçado — por minha conta e risco o abracei.
No fundo, limitei-me a seguir e a explorar o meu próprio veio e/ou filão tendencial e a observar a lição dos maiores e melhores de todos nós.
A única culpa que lhes assiste a eles e efectivamente os melhores ou de se terem a meus olhos perfilado como tal e de os ter a minha mente elegido por melhores. Mas disso não têm eles, no fundo, culpa alguma... Nem eles nem eu. Sempre assim foi: desde que o mundo é mundo que a grandeza das ideias é gerada pela magnitude dos homens que as incarnam e professam, sendo a inversa igualmente verdadeira, do ponto e/ou na medida em que as grandes ideias geram e gerem, por seu turno, os grandes homens, que tendem para elas a bem dizer desde que nascem, por um quase fenómeno de magnetismo.
Não têm mais que saber. E tudo o resto é literatura... (Má literatura, aliás). Ou conversa de chacha, paleio barato... Ou conversa fiada em que não há que fiar...

***

Continuando. E refluindo — retrocedendo, sem demora, e rapidamente e em força — a Maurras.
Um que outro ponto de divergência, ou de desfasamento, porventura detectável, ou eventualmente observável, no cotejo do esquema e das perspectivas de fundo, angulações cardiais ou lineamentos básicos, que enorabuena assumimos e adoptámos, sobraçámos e abraçámos por nossa auto-recriação — e que são os nossos, para todo o efeito —, com o ídeo-sistema erigido e subscrito pelo colosso de Martigues («Politique d`abord!», preconizava Maurras, «Poésie d`abord!», contraponho eu; «La France seule!», predicava, de lá, o Sumo-Sacerdote da «Action Française»; «Le Portugal-Empire encore et toujours, et l`Europe en plus!», sustenho eu...), não chegam para beliscar sequer a identidade de opções que interiormente nos une ao fundo, ao cerne, à medula e ao essencial da sua atitude mental, quanto mais para as contraditar ou contrariar, pouco que seja, no quer que seja, seja no que fôr...
Aliás, é dele um dos enunciados aforísticos que mais cedo nos entraram (e ficaram, e que ainda, a esta hora, nos andam) no ouvido; um dos preceitos que mais fundo calaram, pois, no nosso espírito e na nossa mente.
Aludo à frase emblemática — e, tão ou tão pouco lapidar é a verdade elementar que encerra, que quase se diria lapalíssica — administrada por ele à l`égard, — à l`enseigne — ao longo de uma tarde de doutrina, com um naipe de observações empíricas de utilidade pública, e lhe fez, às tantas do campeonato, a bem conhecida admonição: «É preciso, é imperioso, é vital que a fragilidade humana seja socorrida e ampla, largamente compensada pela fortaleza das instituições».
Nem mais — nem menos. A debilidade humana tem toda a precisão e mais alguma, e plena necessidade — necessidade absoluta — de contar, realmente, com instituições fortes, estruturas firmes, inabaláveis como rochas, órgãos, aparelhos e organismos de pedra e cal, que lhe dêem sustentáculo anti-sísmico, digamos, e o suporte, a consistência, a robustez de que carece.
E daí advirá, eventualmente — daí provirá e procederá, até, e em linha recta —, aquela sempre (ou quase sempre) autoritária, normativa, dogmatizante e, quantas vezes, olímpica, régia, soberana, senhorial e transcendente leitura que o curso temporal da existência lhe suscita e, no geral, lhe merece; daí, também, decorrerá, por certo — directamente daí — o igualmente invulgar e invariável «tónus» de virilidade que o majestoso pensador adrega imprimir, por norma, e por sistema, ao exercício mesmo da actividade especulativa — à formulação, conceituação, formalização e produção das suas elaborações, entenda-se — e que, por aí, se transmite, desde logo se comunica, a tôdalas gradações e subtis graduações que esmaltam o trilho da sua paciente jornada reflectiva, cumprida a qual a ars cogitandi de Maurras alcança a graça, finalmente, de dar corpo, alma e rosto, incomparavelmente harmoniosos, à radiosa e irradiante «fortaleza» ídeo-lógica que visara e visionara ele desde a linha de partida — e, alfim, consumada, à prova de contestação; alfim, solevada, em perfeita plenitude de pensamento e de palavra. A saber: no topo ideal da construção por ele alevantada, sobrepairando tudo, e todos, a título verdadeiramente cupular, e fruindo do primado espiritual irretirável que Lhe assiste à partida, por petição de princípio, avulta a Santa Madre Igreja, enquanto «dona, senhora e rainha da Lei dos Mundos», naturalmente associada — e sobrenaturalmente vinculada —, por definição e por tabela, à mais genuína das noções cristãs, à mais lídima delas todas: a noção de cruzada, digo: o militar e militante sentido de cruzada e guerra santa, dos quais a mesma Santa Igreja se volve fonte inspiradora e instigadora, por excelência, e agente propulsor e estimulante, por inerência. «Que ninguém sorria da Cristandade» — adverte, taxativamente, Charles Maurras, em termos que remontam a 1900 e que figuram e fulguram na sua «Enquête sur la Monarchie»; «a Cristandade» — recorda ele, logo de caminho — «fundou, no passado, nada mais nada menos do que os Estados Unidos da Europa. O mundo moderno» — conclui, sem demora, o poderoso e primoroso assertor e politólogo — «não está só atrasado em relação ao Império Romano, mas em ordem, inclusive, à própria Idade Média, visto achar-se infinitamente menos unificado do que à época».
O legado doutrinário de Maurras — monumento, soberbo, de rigor e vigor, de lógica e energia, sem igual nem rival — descerra, assim, ante nós outros, «a nova arca, católica, clássica, hierárquica, humana, onde as ideias não serão mais como palavras ao vento, as instituições engodos fraudulentos, as leis uma impostura pegada, as administrações focos-infecciosos de exacção fiscal ou florestas de enganos, e onde tão-só reviverá aquilo que vale a pena que reviva: em baixo, as repúblicas; no cimo, a Realeza, e, como abóbada de tôdolos espaços: o Papado».

***

Onde, porém, o fundibulário e o teoreta mais a fundo conversam com a nossa sensibilidade, e deveras se insinuam, deveras se inscrevem no mais atento, venerador, obrigado e religioso recanto da nossa intimidade, e da nossa audiência ideológica e política, é no domínio, justamente, da abordagem factual da História contemporânea, cujo conturbado processo veio a ter nele um dos seus mais lúcidos e combativos acompanhantes, um dos seus mais corajosos protagonistas.
Detido e pronunciado quando já os anos lhe pesavam — tinha, então, Maurras a provecta idade de 77 anos —, e chamado a confrontar-se, na circunstância, com a eventualidade de uma condenação à morte mais do que provável, mais do que certa, mais do que iminente, em virtude de sobre ele impender a acusação que formalmente o declarava e constituía «coupable d`entente avec l`ennemi» (logo a ele, que toda a vida professara um anti-germanismo impenitente e uma teutonofobia perfeitamente pré-primária!...), encarou a situação sem pestanejar, com toda a impavidez, determinação e sangue-frio, limitando-se a olhá-la de frente e a observar: «A vida, na minha idade, nada representa. Para mim, doze balas ou nenhuma, dá no mesmo; não importa; tanto faz; pouco se me dá.»
Demais, considerava Maurras que, «sendo o pensamento a maior e a mais nobre faculdade do homem, não é nada do outro mundo sofrer por ele o pior dos martírios e morrer, até, em sua defesa, se fôr caso disso.»
O velho, denodado e leonino pensador, que cedo abraçara a causa política como quem abraça um sacerdócio, não temia minimamente a prisão, o fuzilamento ou o mais que lhe estivesse reservado. E, na histórica e estentórea audiência de 28 de Janeiro de 1945, no Tribunal de Lyon, Charles Maurras logrou «desarmar» por completo os seus juízes, procedendo ele próprio ao julgamento dos mesmos, perante o pasmo e a escandalizada incredulidade e estupefacção de todos eles.
Ficou célebre a objurgatória, magnífica, que dirigiu ao Procurador da república nessa inolvidável sessão: «A violência, senhor procurador, não reside, de forma alguma, nas minhas palavras; a violência está, sim, na situação em que nós nos encontramos, e no facto de ocupar o senhor, neste momento, o lugar que, por direito, me é devido e que me pertenceria, de facto e de jure, preencher. A violência, senhor procurador, reside no facto de estardes vós no lugar em que estais e de não ser eu a estar aí, a desempenhar um tal papel!»

***

A documentar, igualmente, e de modo assaz eloquente, a impassível e sobreavisada clarividência de Maurras, na percepção, contemplação, análise e diagnose do panorama histórico-político fornecido pelo mundo à passagem do meio do século, aí está, ora nem mais, a viva expressão do seu acrisolado apreço pessoal por Salazar, apego esse traduzido e verbalmente manifestado pelo mesmo Maurras, quase, quase às portas da morte, em mensagem de transmissão oral, de que Henri Massis foi fiel depositário, e se fez portador e intérprete, junto do augusto estadista seu destinatário, aquando de uma viagem efectuada ao nosso país por esses entonces: «Você reafirmará, junto do Premier português» — encomendou e recomendou, ao seu amigo e discípulo, o portentoso polemista — «, a minha devoção de sempre, ia a dizer: o meu grande afecto, quase diria mesmo: a minha ternura, por ter sabido, ele, dar à autoridade, restituir à autoridade, assim é que é, o mais humano dos rostos.»
Já, antes, aliás — muito antes disso —, se orientara e pronunciara, e providenciara ele, no mesmo sentido. De facto, ainda os restos mortais da guerra não teriam começado a esfriar, e já o «Camelot dos camelots», desde o fundo da sua clausura de Clairveaux, onde se achava aferrolhado, em regime de prisão perpétua e onde, de resto, só por acaso, e por um triz, não veio a morrer, se fizer eco da intensa estima — intelectual e afectiva — que votava ao nosso inesquecível Presidente do Conselho, exortando-o da forma memorável que se sabe, com todas as veras da alma — e com o apelativo e celebérrimo brado: «Restez! Tenez!», — e dessa vez já o não fez ele, apenas, por interposto mercúrio, mas directamente e por escrito: por mão própria; não já por vias travessas e, sim, por via epistolar.

***

Outro aspecto a reter — e a considerar, sobremaneira — no discurso doutrinário do imortal autor das «Oeuvres Capitales», é, sem sombra de dúvida, e sem favor, o que concerne à axiologia (e apologia) do fenómeno corporativo, sua ideação e caracterização sócio-filosóficas, delimitação geral do mundo do trabalho, inventariação exaustiva de toda a estrutura laboral, e fixação teórica (magistral! e esgotante) dos respectivos — e sucessivos — níveis, escalões e estratos, sendo que as componentes e ordenadas de semelhante universo se organizam e perfilam, chez Maurras, à imagem e semelhança, e exemplo, dos sedimentos proto-elementares conaturais ou colaterais à morfologia e tessitura das chamadas camadas sotopostas — e, portanto, segundo as surpreendentes linhas-mestras do mais puro tratado e geologia social (de geologia sindical, melhor dizendo) e de geografia, também, como veremos: de autêntica geografia — se não mesmo de acabada geometria — societária. Uma nova e inovadora ciência, essa. Que o era — pelo menos, ao tempo. (Que o era e seria...)
Sustenta, a tal respeito, o preclaríssimo fundador do nacionalismo integral: «Admitindo que as nossas uniões de origem, de base, de raiz, tenham tido e mantido, e ainda agora conservem, a sua razão de ser, cumpre completá-las por meio das uniões profissionais. A estas vastas formações horizontais — de patrões, empresários, técnicos, de empregados, funcionários e operários — comparáveis às Zonas de latitude terrestre, aditamos nós formações verticais, a fim de bem — comunicarmos uns com os outros, de molde a melhor podermos coordenar as relações permanentes entre todos, de sorte a regrar e regular as normais alterações de perspectiva que a natureza e objecto das nossas indústrias reclamem: fusos de longitude social varando e atravessando as espessas e estratificadas crôstas e camadas da antipatia e da ignorância recíprocas, tendo em vista a laboração comum e convergente da economia produtiva do país. (...) É preciso associar as forças confluentes (...) pobres e ricos, dirigentes e dirigidos, no corpo e coração da mesma pátria: será a corporação.»
Lê-se — e fica-se abismado, com a limpidez do plasma expressivo e com o magnetismo da exposição. Pasma, assombra, esmaga, a lógica irrefragável do raciocínio. Resultam quase exasperantes o brilhantismo e profundidade de invólucro e conteúdo. Fascina, deslumbra, a meridiana nitidez da observação.
Mas de onde, de onde provém, afinal, esta luminosa visão dos homens e da sua circunstância, autenticada por Maurras, desde sempre et jusqu`au bout? A que oracular sabedoria, a que selecta e que secreta ciência (infusa) demanda referência tamanho esplendor mental?
A isto, talvez — apenas a isto: Maurras formula as ideias a partir da própria fibra dos factos. Sempre, e sem excepção, a partir dela e a partir deles. Daí a monumental segurança, a mineral consistência, que imprime a quanto escreve. É que contra factos, não há, nunca houve, continua, ainda agora, a não haver argumentos.
Moral da história: em matéria de conceituação político-filosófica, ainda hoje ou, sobretudo, hoje, terá fatalmente de ir a Maurras quem, de algum modo, queira entrever «l`avenir de l`intelligence».

Rodrigo Emílio.

(Lisboa, aos 14 de Agosto de 1968 — Casa de São José, em Parada de Gonta, aos 10 de Maio de 1996.).

Resista, Fique !

LETTRE DE CHARLES MAURRAS A SALAZAR

A son Excellence, M. Salazar, Président du Gouvernement portugais
à Lisbonne

Monsieur le Président,

Mon chèr ami Marcel Wiriath qui part pour Lisbonne où il aura l`honneur de saluer Votre Excellence me propose de se charger pour Elle d`un message de moi. Bien que Wiriath n`ait guère que la moitié de mon âge, c`est déjà un vétéran de L`Action Française. Quand on m`a mis en prison et mon jeune neveu et fils adoptif est devenu mon tuteur, Wiriath a accepté de me servir de subrogé-tuteur. C`est dire as vieille amitié, que ne pouvait se tromper sur mês sentiments: il a deviné avec quelle joie je saisis l`occasion de vous dire, Monsieur le Président, l`admiration enthousiaste que m`inspirent vos travaux leurs succès, leur triomphe et, depuis quelque temps, la curiosité poignante avec laquelle est suivie la phase nouvelle (non critique, certes, mais grave) de la très noble histoire à laquelle vous avez donné votre personne et votre nom.
C`est à Votre Excellence que je pensais hier en relisant dans mon Horace l`ode XIV du premier livre, O navis referent in mare te novi ⎯ fluctus... Fortiter occupa-portum... interfusa nitentes ⎯ vite aequora Cyclados... Ce n`est point pédanterie, mais véritable sursaut du coeur. Depuis tant d`années, l`abri de bonheur mérité que goût votre peuple, ce grand oeuvre de stabilité et de prospérité qui vous a valu ce respect universel, représentent de si grands biens, si rares aujourd`hui, qu`un certain nombre d`Européens s`y sont attachés comme à leur patrimoine, leurs voeux lointains vous accompagnent et vous bénissent comme une part le leur propre destin. ⎯ Surtout, pensent-ils, ne nous manquez pas! Restez! Tenez! Vous venez de perdre le ferme soldat qui, sans coup férir, sans verser une goutte de sang, rétablit les affaires du Portugal et les assura dans vos fortes mains! Continuez, vous, d`élever le rameau d`or de l`ordre, de l`autorité et des libertés! Qu`il fleurisse chez vous et qu`il y fructifie, Peuple frère c`est encore une preuve ou, tout au moins, une signe qu`il ne s`est point flétrir pour jamais ailleurs.
Je ne crois pas au sens physique d`une race latine. Mais, de toute mon âme, je confesse l`esprit latin ou plutôt helléne-latin. Ce dernier correctif est fait du souvenir d`une grammaire portugaise, ouverte un beau matin de mon adolescence, où j`aperçus que votre article o, a, répétait la forme dorienne du vieil article grec: si fabuleuse et fantaisiste qu`elle finit par m`apparaître, la dérivation m`enchantait parce qu`elle me faisait entrevoir des compatriotes d`Homère peuplant la plus lointaine Hespérie jusqu`aux bords du fleuve océan. Nos parentés de langue, d`esprit, de religion, de moeurs n`en sont pais moins palpables. Ne vous semblent-elles pas un peu trop oubliès par nos temps d`internationalisme unificateur plus au moins fédéral ou confédéral? Tout devrait y faire penser: la puissance des autres; le peu de pouvoirs qui nous restent. Et je songe, non sans fierté mélancolique, à votre Goa, à votre Macao comme à notre Pondichéry... Nous y sommes encores en somme, alors que de plus puissants on dû déménager tout l`Inde, et ils foint leurs paquets en Chine! Sans nous flatter de supériorité ni de comparaisons qui seraient, hélas!, vaines, est-ce que nos dominations et les leurs ne se distinguent pas, celles-ci par la prise terrestre, horizontale, celle-là par un sens vertical dans la direction de l`esprit? Ce n`est sans doute là qu`un passé peut-être révolu, qui ne peut plus compter dans les figures de l`avenir. Mais Qui saît? Qui peut savoir? Quand vos navigateurs ont suivi le soleil couchant pour rechercher des mondes et fonder des empires, est-ce que leur sang et leur pensée n`y ont pas préparé de splendides et solides résurrections?
Multa renascentur. Vous avez engagé votre nation dans la voie de ces renaissances. Puisse-t`elle y rester, y courir et, tout en courant, nous y entraîner! Je suis l`homme de l`Espérance.
Veuille Votre Excellence pardonner ces longueurs peut-être divagantes. Mon ami Henri Massis qui eut l`honneur d`être reçu à Lisbonne m`a dit avec quelle ouverture de coeur et quelle lucidité de pensée Votre Excellence suit les choses de France. (C`est ce qui m`a rendu peut-être indiscret).
Avec mês excuses, je prie Votre Excellence d`agréer, tout mês voeux fervents pour son bonheur et pour celui de as très noble patrie.

Charles Maurras
8.321

Clairvaux, le 31 mai 1951.

In «Agora», n.º 376, pág. 7, 05.10.1967.

A adquirir



Recolha (comentada) de quase oitenta cartas enviadas a Maurras pelos seus amigos: da Action Française ( Bainville, Montesquiou, Moreau, Vaugeois), dos homens de confiança (Bernard de Vaulx, almirante Antoine Schwerer), referências intelectuais (Robert Brasillach, Thierry Maulnier) ou dos militantes combatentes(Maurice Pujo, Georges Calzant, Lucien Lacour, Marius Plateau, Maxime Réal del Sarte), dá-nos um retrato de uma época, com os seus comportamentos e posturas políticas de uma série de gerações. Marcadas pela violência da guerra, impregnadas de valores realistas, nacionais, católicos e anti comunistas, exprimem uma adesão incondicional às ideias maurrasianas de todos eles.

Livro a ler absolutamente.

Apostilha: Para quando um estudo a sério sobre a correspondência de Salazar com Maurras?
É um campo virgem para uma investigação universitária. Depois do livro sobre a correspondênciaa entre Salazar e Alfredo Pimenta, recentemente saído, e que também brevemente comentarei, este assunto merecia uma análise cuidada.

Para já vou publicar a famosa carta de Maurras a Salazar: Tenez, Restez. Essencial!

... Se não souberes porquê, "eles" sabem

Do Club Acacia, bom blogue francês, pilhei este texto sobre os "jornalistas".

Essencial, para mantermos a cabeça limpa:

"Nada. Não devemos acreditar em nada que nos querem fazer crer. É a única posição correcta face às asserções cuidadosamente preparadas pelos democratas mediáticos. Nunca nada é neutro. Foi a partir da Iª Grande Guerra que isto começou. E seremos nós capazes de nos abstrair dos poderosos jogos de sentimentos que estes indivíduos se entretem a fazer-nos jogar?

Aproveitemos para dizer -para insistir - que estas mentiras não são de ontem. A mentira é irmã gémea e siamesa da democracia. E vendo o que eles podem fazer com a credulidade dos contemporâneos, imagine-se o que acontece com aqueles que já cá não estão para se poderem defender.

Ou seja, não acreditar em nada que venha deles. Mas mesmo em nada"

Para a história da ignomínia

Um dos meus "rituais semanais" consta da leitura atenta todas as terças feiras do jornal Público do artigo da jornalista Helena Matos, única exemplar da classe jornalística que não tem medo de falar de coisas que mais ninguém fala. É sempre um deleite lê-la, concordando ou não com ela.

Hoje traz-nos uma notícia (que eu desconhecia - e logo eu que pensava conhecer a maior parte das histórias da ignomínia post abrilina).

E de que notícia se trata: em Fevereiro de 1975 (bastantes meses antes da independência) o Alto Comissário do Portugal (abrilino) em Angola achou apropriado e honroso que o dia 15 de Março de 1961 integrasse o calendário oficial de feriados de Angola, na qualidade de data festiva.

Ou seja o abrilino de serviço achou que a data de um dos maiores massacres a que os portugueses foram sujeitos (em que milhares e milhares de portugueses foram massacrados no Norte de Angola) fosse uma data festiva.

Canalhas, Canalhas, Canalhas!!!