quinta-feira, outubro 04, 2007

Reflexões – Vamos a jogo?

Há poucos dias disse que a breve (ou menos breve) prazo, terá de haver uma reformulação das forças politico partidárias “deste país”. E que era uma oportunidade de ouro para os nacionalistas portugueses.

Esperava, sinceramente, algumas reflexões dos meus prováveis leitores.

Tal não aconteceu, mas esse facto não me esmorece.

Entenda-se: eu nunca fui o chamado “intelectual” ou “chefe” capaz de mobilizar ideologicamente ou estrategicamente fosse quem fosse. Eu sou (ou fui) um mero soldado, quanto muito (e com boa vontade) um sargento. Vultos nacionais houve (e começa a haver de novo) muitos. A eles competiria indicar-nos o caminho.

No entanto nada me impede de explanar algumas reflexões que tenho feito a propósito da situação actual e a minha visão do futuro (alicerçada também no passado).

Não, não é nenhum Mestre a indicar-nos o caminho. Que isso fique bem claro. Se calhar é apenas um pontapé de saída para distribuir o “jogo” pelos “craques”, e acima de tudo obrigá-los a marcar golos!

Este é o primeiro postal. Outros se lhe seguirão. Contarei factos e darei as (minhas) explicações. Só a mim me comprometem. A mais ninguém.

E comecemos pelo 25 de Abril. Não, não começo antes porque acho que não vale a pena! O período anterior só nos deu – aos da minha geração - traquejo para enfrentar o que aí vinha. Não havia uma visão do futuro. Ou seja só reacção contra a paz podre instalada num Portugal em Guerra!

Todos nós dizemos: o 25 do 4 foi uma revolta militar abarbatada pelos marxistas que tentaram estabelecer um regime socialista soviético em Portugal.

De facto foi o que apareceu à visão pública de todo o mundo. Mas analisado o movimento, no período em que decorreu, rapidamente se chegou à conclusão (na altura e ainda hoje) que era uma inevitabilidade. Essa certeza teve-a o Rodrigo Emílio, o António de Séves e tantos e tantos outros (até eu...) logo logo nos últimos dias de Abril de 74.

E porquê?

Os “militares” (quais Cristóvãos de Moura, quais Miguéis de Vasconcelos) que a fizeram provinham de todo um espectro ideológico, social e politico muito diversificado. O que os unia a todos (para além das questões do vil metal, fundamentais para que avançassem) era o fim da Guerra que lhes estava a dar cabo da “vidinha”. A qualquer preço e de qualquer modo. Fosse como fosse.

Para isso precisavam de uma legitimação politica e popular. Caso contrário – pensavam - seria o seu fim como “força viva da Nação” (e foi...).

Ora face à questão ultramarina só havia duas vias: a nacional e a “internacional”. Não, aqui não poderia haver qualquer terceira via (que o herói de Massamá tentou, junto com seus muchachos encontrar na lógica do federalismo – mas para isso era necessário que a troupe que tinha substituído a tropa estivesse com qualquer vontade de dar o corpo ao manifesto, o que “manifestamente” não era o caso).

Nós, na (chamemos-lhe) “direita nacional” não tínhamos qualquer dúvida. Só havia um caminho. O da vitória! Não, não tínhamos visões estrategistas próprias do gaulismo e dos seus adesivos no caso da Argélia. Por aí nunca iríamos! Por diversas e imensas razões. Tínhamos certezas e sabíamos que o que estava em causa era a própria existência de Portugal e a defesa de toda uma população – tão portuguesa como nós – que tinha confiado na palavra dos seus dirigentes. Logo, não nos viessem com estratégias muito manhosas para trazer para o nosso lado uns “tropozoários” que de tão cobardes nem mereciam respirar o mesmo ar dos portugueses.

A chamada “direita burguesa e/ou dos interesses” estava na corda bamba. Sem saber para onde ir. Tentou a adesão mais ou menos gaulista ao pindérico do pingalim. Sem honra, e, claro, sem qualquer glória, ou proveito que se visse, com excepção de uns votitos nas eleições que de seguida vieram e que lhes tem permitido ao longo destes anos “governar este pais”.

Restava, pois, àquela gente, o apoio dos cunhais, soares e similares. E beberam a taça da cicuta de um trago e sem pestanejar. Foi “lindo” ver aqueles tipos todos a jurarem marxismo, a jurarem que sempre tinham sido bastamente progressistas. Logo a abrilada só poderia dar em marxista. Otelo (pobre diabo), o vendedor de apartamentos, converteu-se, num ápice, numa espécie de che guevara de pacotilha (com idêntico desprezo pelos pés descalços que o incomodavam). E muitos, mas mesmo muitos poderia citar. (só um exemplo, que eu sou mauzinho, um famoso militar de abril que antes da data (por volta de 1965/66) me repreendia pela minha pouca fé em Salazar e que, segundo dizia, tinha a melhor biblioteca salazarista de Portugal, deu-nos, a seguir ao 11 de Março, um espectáculo dantesco de um antifascista com dezenas de anos de actividade...)

Logo é óbvio que o mito fundador do novo regime implantado em Portugal teria de ser marxista. E ainda hoje o é. Erro nosso, gritam alguns (até que foram da nossa área). Não, não foi. Mesmo que tenhamos perdido 30 ou 40 anos, de nós ninguém poderá dizer que traímos. Fomos conscientes e seguimos o nosso caminho bem certos do que poderia ocorrer. Sabíamos e enfrentámos a situação com as únicas armas que nos restavam e que nos distinguem: a Honra, a Fidelidade, a Palavra, e sempre pensando na Lealdade que devemos à perenidade da Pátria.

Perdemos 30 a 40 anos, mas não perdemos a vergonha! Essa é a verdade! E acima de tudo não perdemos o futuro!

Resta agora pensar como voltar. Mas antes ainda vamos dar uns passeios no tempo. São essenciais para perceber o que pretendo dizer. Voltarei a estas reflexões!

2 comentários:

Anónimo disse...

e eu, leitor assiduo, relapso e contumaz deste seu blog,
e eu, de Direita e Nacionalista
Agradeço-lhe as suas palavras, as suas memórias, a sua Portugalidade

Bem-haja

Rui Santos

Anónimo disse...

"Voltarei a estas reflexões". Pois que volte e quanto mais depressa melhor. E parabéns por elas.

Maria