quinta-feira, outubro 04, 2007

BRASILLACH E A SUA OBRA – 5/8

O romance que se lhe segue tem uma tonalidade diferente. No anterior, surgira uma força que subtilmente penetrara na acção: o aparecimento em qualidade e número dos partidos políticos das direitas. Em Les Sept Couleurs surge o Fascismo, o Nacional-Socialismo, a guerra de Espanha, como elementos da acção, como força impulsionadora das personagens que preenchem a história, a vivem e dela fazem parte. Para além do tema, surge uma inovação técnica: cada uma das partes da acção utiliza um processo diferente tendo em conta, como o explicou Brasillach, que “la technique du roman...” tem “une extrême liberté” e daí “la facilité à admettre toutes les formes”. Daí, a posição do autor perante o material que tinha em mãos para construir este novo livro, que abre caminho a uma renovação: “Dans la plupart des romans, d‘ailleurs récit, dialogue (même le dialogue transposé), essai ou maximes, documents, lettres, pages de journal, monologue intérieur, se mêlent en une même oeuvre”. Eis que isso vai ser aplicado a este romance em que se chocam todos os grandes movimentos das direitas no desejo de criação de um mundo novo. Pode dizer-se que o autor, ao fim e ao cabo, não realizou uma obra que resiste ao tempo? Mas será isso por causa das inovações ou por ódio às ideias fascistas que neste romance palpitam página a página? Eis a questão que muitas vezes se desloca intencionalmente para que o público não se aperceba do logro. Mas a verdade é que as páginas todas resistiram ao tempo que, passando por elas, não as sepultou em cinza.
Este romance, como toda a obra de arte, tem de ser localizado no seu tempo, pois obedece exactamente a um comportamento temporal. Pierre-Henri Simon viu bem o problema, ainda que só o tocasse nas generalidades. Precisamente no capítulo Les nouvelles tendances critiques et refus de la civilisation bourgeoise da obra já referida, o ensaísta francês declara:
“Pour comprende le mouvement de l‘esprit entre les deux guerres, il est important de remarquer qu‘autour de l´anné 1930 le vent a tourné. La géneration littéraire qui commence à s‘exprimer vers cette date est plus sérieuse, moins egoiste, moins joueuse que celle de ses aînés, elle préfere souvent l‘essai au poème, elle charge le roman de discussions politiques ou d´intentions sociales; dégoûtée par l‘anarchie morale et intellectuelle mais non ralliée aux solutions traditionelles, elle cherche les principes d‘un humanisme nouveau, voulant passer, a écrit Robert Brasillach, à d‘autres jeux que l‘evasion, l‘inquietitude et sourtout leur explication”.
Ora, este inconformismo político e social era tomado em oposição a Maritain, a Gide, a Valery, a Alain, a Roger Martin du Gard, a Duhamel, a Jules Romains, a Chardonne, a Maurois, a Giraudoux, a Mauriac e a Bernanos. Era o comportamento geracional e não podemos atacar a posição de Brasillach só porque ela obedecia às vozes profundas e sinceras da sua jovem geração que pretendia abrir caminho através da floresta espessa daquilo que todos supunham como ultrapassado ou então como um logro. Repare-se que neste romance ou nas reportagens da guerra de Espanha Brasillach está frontalmente em oposição aos antigos mestres do romanesco francês, mestres que tomaram posição pelos vermelhos apesar dos seus compromissos religiosos e morais! É bem sintomática essa posição. E é essa posição que vai determinar o seu comportamento futuro até ao pelotão executório.

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