segunda-feira, outubro 01, 2007

BRASILLACH E A SUA OBRA – 2/8

A geração de Robert Brasillach — ou aquela a que ele está ligado — comporta nomes que hoje ocupam lugar de relevo nas letras e no pensamento francês. Mencionemos três desses nomes que aparecem ligados, uma só vez, num romance que seria a estreia de todos: Fulgur; são eles Thierry Maulnier, Roger Vaillant, Paul Gadenne. Como nasceu um romance feito por quatro autores? Nasceu no intervalo ou na passagem de Louis le Grand para a École Normale e tratava-se de uma paródia ao romance de aventuras, como Brasillach declararia mais tarde: “Je crois que l‘idée nous en était venue à lire les livraisons de Fantômas que notre camarade Roger Vaillant nous avait apportées”.
De qualquer forma, as páginas de Brasillach escritas aos 19 anos têm interesse, bem como as dos outros colaboradores. Um dos Fulgur escreveu estas palavras comentando a notícia que outro camarada dera do nascimento do “grand roman d‘aventures, de police et d‘epopée”: “Il serait amusant pourtant de reconnaître dans l‘humour noir de Thierry Maulnier de vingt ans quelque chose de la gravité du Thierry Maulnier d‘aujourd‘hui dans le surréalisme prémédité du jeune Roger Vaillant, quelque chose du conformisme révolutionaire du Roger Vaillant marxiste, dans la misanthropie exagérée du jeune Paul Gadenne, quelque chose de la mélancolie de l‘auteur de Siloé dans la fantaisie anarchique du Robert Brasillach de dix-neuf ans, quelque chose de l‘ironie et da la liberté du vrai Robert Brasillach. Mais notre époque a-t-elle le temps de s‘amuser?”.
De qualquer forma, o romance chegou a ver a luz da publicidade! E durante o ano de 1927, os leitores de La Tribune de l‘Ivone puderam seguir aquelas peripécias que, redigidas por muitos, eram assinadas por um só: Jean Servière. Aqui começam os primeiros passos de romancista daquele Brasillach que se apresentaria por sua própria mão no Le Voleur d‘Étincelles cinco anos depois. O autor de estudos clássicos fizera a sua aparição um ano antes com oVirgile. Lado a lado — o clássico e o moderno — podiam viver uma vida de entendimentos sem brigas e sem desconfianças. É aquilo que Brasillach dava no seu primeiro romance era a vida da sua juventude, que para ele era o seu tempo; e aquilo que daria em Virgílio era também a vida do poeta romano naquilo que ela poderia interessar às nossas inquietações e aos nossos debates de ideias de homens de entre duas guerras.
A primeira fase de romancista de Robert Brasillach é a fase do aprendizato, tanto mais resultante quanto é certo que Brasillach punha naquilo que escrevia toda a febre da sua juventude — uma juventude que descobria no quotidiano os mais belos recantos de Paris ou do seu torrão natal. Mas a trama seguirá um curso que se verificará tanto no L´Enfant de la Nuit como no romance que se lhe segue. Bernard de Fallois notou-o com rara perspicácia quando afirmava depois de dizer anteriormente que os títulos dos seus livros conviriam melhor a títulos de poemas. “Cet épisode central, autour duquel s‘ordonnent et s‘enlancent les fils du destin, est repris de façon identique dans tous les romans de Brasillach, à l‘exception des petits récits parisiens du début, L‘Enfant de la Nuit et Le Marchand d‘Oiseaux”.

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