quarta-feira, março 28, 2007

Recordando Rodrigo Emílio


É assim que gosto de recordar-me de ti.
Na tua casa de Parada de Gonta, sempre sereno (mesmo nos piores momentos), com o teu Português sem filtro na mão até queimares os dedos.
Faz hoje três (longos) anos em que tive a ventura de me poder despedir de ti. Eu bem te disse Rodrigo: "aguenta que todos nós precisamos muito de ti". Mas tu não seguias sempre os conselhos dos teus amigos. Tiveste de partir, partiste!
Pela lógica deveria colocar aqui um dos teus Poemas. Decidi não o fazer porque qualquer um (dos muitos e muitos de que eu especialmente gosto) que eu colocasse era uma afronta a todos os outros.
Decidi-me por um poema de que tu e eu gostamos muito. Do Zé Vale de Figueiredo, dos anos 60, da também tua Coimbra.
A morte tem um corpo
depois de si. A sílaba final
que lhe dá a consistência
é tão corpórea que é taça
de perecimento. A morte
é uma sílaba tão delicada
que é metade e todo da palavra...
Poema "A Morte"(in A Palavra, Palavra - 1960)

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